Publicado em 25/08/2016
Tremor secundário e buscas noite adentro: Itália confirma 247 mortos em terremoto
Equipes de resgate lutam para encontrar sobreviventes
As buscas continuaram por toda
a noite, quando foi registrado um novo terremoto secundário, danificando ainda
mais os prédios já avariados.
Dezenas de pessoas
ainda estariam presas em meio aos escombros nas cidades de Amatrice, Accumoli e
Pescara del Tronto na região central do país.
Mais de 4,3 mil
pessoas trabalham na operação de resgate usando escavadeiras e as próprias
mãos.
Muitas das vítimas eram
crianças, informou a ministra da saúde italiana, Beatrice Lorenzin. Segundo
ela, o saldo de mortos pode aumentar ainda mais.
O terremoto de magnitude 6.2
ocorreu às 3h36 de quarta-feira (22h36 de terça-feira no Brasil) a 100 km a
nordeste da capital Roma.
O último saldo de
mortos foi divulgado na manhã de quinta-feira - 190 mortes na província de
Rieti e 57 na vizinha Ascoli Piceno.
Equipes de resgate
dizem que retiraram cinco corpos das ruínas do Hotel Roma, na cidade histórica
de Amatrice. Pelo menos 70 turistas estavam hospedados no local quando o
terremoto ocorreu. Muitos ainda estariam presos em meio aos escombros, embora
alguns já tenham sido retirados com vida e recebido cuidados médicos.
Na tarde de
quarta-feira, uma multidão comemorou no vilarejo de Pescara del Tronto quando
uma menina foi retirada com vida dos destroços depois de ter ficado presa por 17
horas. Quase todas as casas desmoronaram, segundo o prefeito.
O terremoto atingiu pequenas cidades e vilarejos onde as regiões
de Umbria, Lazio e Le Marche se cruzam.
Moradores passaram a noite fora de casa ou em tendas fornecidas
pelos serviços de emergência.
Entre os mortos, está uma bebê de 18 meses, Marisol Piermarini,
cuja mãe Martina Turco sobreviveuy ao terremoto mortal de 2009 em L'Aquila. Ela
decidiu se mudar da cidade após a tragédia, informou a agência de notícias
italiana Ansa.
A mulher está hospitalizada após ser retirada dos escombros no
vilarejo de Arquata del Tronto, acrescentou a Ansa.
Abalos secundários
Após o terremoto principal, houve tremores secundários,
incluindo um de 4.7 de magnitude cujo epicentro foi a 7 km a leste de Norcia, segundo
o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
O prefeito de Amatrice, Sergio Pirozzi, disse que três quartos
da cidade foram destruídos e nenhuma casa era considerada segura para morar.
Muitos dos afetados estavam de férias na região. Alguns haviam
ido a Amatrice para um festival que celebra uma especialidade local - o bacon
amatriciano e o molho de tomate.
A Itália é um dos países mais
suscetíveis à ocorrência de fortes terremotos, especialmente para quem vive ao
longo da cordilheira dos Apeninos.
Segundo dados disponibilizados
pela agência governamental americana que monitora desastres naturais, desde
2000 a Itália registrou 12 terremotos de grande intensidade.
A atividade sísmica
na região mediterrânea é resultado do grande atrito entre as placas tectônicas
da África e da Eurásia. Mas há mais detalhes a serem levados em conta no
terremoto da madrugada desta terça-feira.
O Mar Tirreno, no
oeste da Itália, entre o continente e as ilhas da Sardenha/Córsega, está se
abrindo aos poucos, cerca de 2 cm por ano.
Cientistas dizem que isso vem
contribuindo para o "racha" ao longo dos Apeninos. Segundo alguns
especialistas, essa pressão é agravada pelo movimento da crosta terrestre no
leste, no Mar Adriático, que estaria se movendo para debaixo da Itália.
O resultado é um grande sistema
de falhas que percorre toda a extensão da cadeia montanhosa, com uma série de
falhas menores aos lados.
Agora, imagens de
satélites que serão tiradas da região dos Apeninos nos próximos dias ajudarão a
mapear a área do terremoto. Essas fotos serão comparadas a imagens espaciais
anteriores ao tremor de terça, para que se possa avaliar qual foi o movimento
das rochas.
Isso ajudará os
cientistas a entender precisamente onde e como foi o atrito das placas
tectônicas, informação que pode ajudar os especialistas a entender se todo o
estresse do choque foi liberado ou se foi acumulado em placas próximas.
Histórico
Apesar de ser mais suscetível a
terremotos, a Itália não sofria um tremor de grande intensidade havia quatro
anos.
Em maio de 2012,
dois abalos ─ de 5.8 e 6.1 de magnitude ─ atingiram o norte do país.
Mas o pior tremor a
atingir a Itália recentemente aconteceu em Áquila, em 2009.
Naquele ano, um terremoto de
6.3 de magnitude arrasou a cidade, deixando mais de 300 mortos e outros 1,5 mil
feridos. Outras 65 mil pessoas ficaram desabrigadas.
O de maior intensidade de que
se tem registro no país ocorreu no início do século passado, em 1905, segundo o
monitoramento americano. Foi quando 557 pessoas morreram após um tremor de 7.9
de magnitude atingir as comunas de Monteleone, Tropea e Nonte Poro.
Mas houve tremores ainda muito mais fatais. Um deles foi registrado em Nápoles, em 1980, com um saldo de 4.689 mortes.