Publicado em 05/09/2016

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Por que há mais casos de microcefalia no Brasil do que em outros países afetados por zika?

Autoridades médicas estão intrigadas com o alto número de ocorrências de má-formação congênita em fetos no país.

Brasil teve até agosto 1.845 casos confirmados de bebês nascidos com malformações congênitas


A Organização Mundial de Saúde (OMS) e autoridades médicas se dizem intrigadas com o fato de os casos de microcefalia aparentemente serem muito mais numerosos no Brasil do que em outros países afetados pela epidemia de zika.

A questão esteve no centro dos debates do 4º encontro do comitê emergencial da OMS sobre o tema, que terminou na última sexta-feira em Genebra.

De acordo com o diretor do comitê, o médico David Heymann, explicações para o alto número de incidência de más-formações ainda precisam ser desvendadas, e estudos em diversas direções procuram entender causas além das especuladas até o momento.

"Há enormes variações e precisamos responder à pergunta: isso ocorreu simplesmente porque o vírus atingiu a população em um outro momento, e há apenas um lapso de tempo? Estamos apenas aguardando que as complicações apareçam? Ou outros fatores contribuem fazendo com que, em uma parte do mundo, a doença resulte em maiores complicações do que em outra?", indagou.

De acordo com o último boletim epidemiológico da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), até agosto foram confirmados 1.845 casos de bebês nascidos com más-formações no Brasil, em uma população de 206 milhões.

O segundo país a registrar maior incidência de más-formações congênitas é a Colômbia, com 29 casos confirmados em uma população de 47 milhões.

Em uma comparação simplificada, o Brasil tem população cerca de 4,3 vezes maior do que a do vizinho, mas registra 63 vezes mais casos de más-formações.

Ao todo, infecções por zika foram observadas em 72 países desde 2007, porém apenas 20 desses reportaram más-formações no sistema nervoso de bebês associadas ao vírus. Entre eles, quatro foram episódios de infecção ocorridos fora do território.

Possibilidades
Diversas teorias procuram explicar a razão dos altos índices de microcefalia observados particularmente no Brasil, mas até o momento nenhuma é conclusiva.

O argumento mais aceito era de que os surtos haviam iniciado anteriormente no Brasil e se alastrado para o resto da América Latina, portanto seria apenas uma questão de tempo até a microcefalia atingir altos números na região como um todo.

Essa profecia, porém, ainda não se concretizou, deixando o Brasil numa indesejável e solitária liderança estatística.

http://g1.globo.com/

Marina Wentzel