Publicado em 10/08/2016
COI quer alunos da rede pública para lotar arenas
Preocupada com falta de público em muitas arenas, organização planeja levar crianças a locais com pouco público
Pouco público tem deixado dirigentes do COInternacional preocupados
Com centenas de lugares vazios em praticamente
todos os locais de provas, a Rio 2016 planeja trazer para o parque
olímpico crianças de escolas públicas do Rio de Janeiro. A entidade garante que
não irá simplesmente retirar os estudantes dos colégios e afirma que elas farão
parte de um programa de educação.
Desde o primeiro dia do evento no Rio, as arquibancadas vazias
preocupa o COI. Os organizadores insistem que 84% das entradas estão vendidas.
Mas, pelo menos visualmente, a impressão é de que muitos ingressos não tem sido
utilizados. No primeiro dia dos Jogos, os organizadores culparam as longas
filas pelas ausências.
Depois, a Rio-2016 insistiu que o problema era que torcedores
estavam apenas interessados em ver o Brasil e compravam entradas que davam direito
a várias competições, no mesmo local.
Agora, a entidade admite a existência do problema. “Os lugares
vazios preocupam”, indica Mario Andrada, diretor de Comunicação da Rio-2016.
“Estamos lidando com isso. Temos um projeto social e vamos oferecer nesse
sentido”, indicou. Andrada não indicou quantas crianças seriam levadas ao local
e nem em quais disciplinas.
Mas um dos projetos é de que elas sejam usadas principalmente no
sambódromo e outros locais com esportes menos populares.
Provas vazias não são um problema exclusivo do Rio. Em Londres, em
2012, os organizadores levaram centenas de militares para as arquibancadas com
o objetivo de preencher os espaços e dar uma imagem para as câmeras de locais
cheios.
Comportamento. Além da questão de centenas de lugares vazios,
o COI também está preocupado com o comportamento dos torcedores brasileiros. A
entidade vai reforçar o pedido para que o público no Jogos Olímpicos respeite
os momentos de silêncio em competições. Nos últimos dias, atletas tem se
queixado do barulho dos torcedores em modalidades que, tradicionalmente, são
disputadas com momentos de concentração para os atletas. As vaias, porém, tem
sido consideradas pelo COI como um problema.
“Essas vaias precisam mudar. Queremos que as competições ocorram
num clima de fair play. Respeitamos a forma de se expressar dos torcedores
brasileiros, mas é importante educar um pouco fora da cultura do futebol”,
disse Mark Adams, porta-voz do COI.
Andrada aponta que a questão não é a de criticar o público. “A
torcida é soberana. Mas temos de respeitar a liturgia de alguns esportes. Mas
isso com dialogo. Depois dos Jogos Olímpicos, queremos que o país seja multi
esportivo”, disse.
“O público sabe como se comportar. Mas em alguns esportes, onde o
silêncio é necessário, estamos pedindo um reforço”, disse. Andrada admitiu que,
nos primeiros dias, o COI ficou “preocupado” diante da reação da torcida. “As
vaias fazem parte. Mas precisam entender que atrapalha os atletas e precisam
ser controladas” , disse.
“Tem uma questão cultural, como a vuvuzela na África do Sul na
Copa de 2010. O público brasileiro finalmente está tendo acesso a outros
esportes. Faz parte do aprendizado de todos. Vamos reforçar a necessidade da
silêncio”, completou. Nos últimos dias, atletas tem se queixado do barulho dos
torcedores em modalidades que, tradicionalmente, são disputadas com momentos de
concentração para os atletas. As vaias, porém, tem sido consideradas pelo COI o
maior problema.
O público tem se manifestado não só contra os adversários dos brasileiros. Argentinos e americanos têm sido os principais alvos, tanto que Novak Djokovic, número um do mundo do tênis, teve toda a torcida a seu favor na estreia fracassada contra o argentino Martin Del Potro.