Publicado em 09/06/2025

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Superação, Fé e Esporte: a trajetória inspiradora do pastor, coordenador Regional do Suficientes em Deus e atleta com deficiência visual João Batista de Souza

Em meio à rotina dividida entre o ministério pastoral e os treinos de atletismo e Goalball, João Batista de Souza, ou João PCD, escreve uma história de superação e fé que inspira. Com deficiência visual, o pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular da IEQ Conjunto Cidadão, em Boa Vista, Roraima, encontrou no esporte não só um novo desafio, mas uma poderosa ferramenta de inclusão e transformação.

Sua trajetória no esporte começou recentemente, em 2023, mas já carrega significado e propósito. Foi em fevereiro daquele ano que conheceu o Goalball, um esporte paraolímpico voltado para pessoas com deficiência visual. O interesse surgiu após assistir a uma reportagem na TV. A prática do atletismo veio logo depois, em maio, incentivada por sua cunhada, que o motivou a experimentar as corridas de rua.

Com o tempo e o gosto crescente pelo esporte, João entendeu que aquilo não era apenas um desafio físico, mas uma missão de vida: mostrar que pessoas com deficiência podem — e devem — ocupar um lugar de protagonismo em suas próprias histórias. Por isso, sua maior motivação para seguir na carreira de atleta é poder ser exemplo para outras pessoas com deficienciência. “Quero mostrar que, apesar das limitações, nós temos condições de praticar esportes”, destaca. O caminho, no entanto, tem seus desafios — entre eles, o medo de lesões, naturais para quem vive com baixa visão.

Rotina de treinos

Sua rotina é puxada. Os treinos de Goalball acontecem duas vezes por semana, o atletismo uma vez, e aos finais de semana ele encara as competições de rua. Tudo isso conciliado com a vida pastoral e familiar. "Meus dias são alternados entre as atividades da igreja e os treinos", resume. Mesmo com pouco tempo de prática, algumas conquistas já marcam sua trajetória. Ele destaca a participação nas ‘Corridas 9 de Julho’, em 2023 e 2024, e um jogo especial de Goalball em Manaus.

Chamado pastoral

O chamado para o ministério pastoral também tem raízes profundas. O atleta conta quefoi impactado após uma experiência pessoal através do texto de Êxodo 4:10-12.  Que diz: “Então disse Moisés ao Senhor: Ah, meu Senhor! Eu não sou homem eloquente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar”.

João conta que aquela palavra veio direto do coração de Deus para o seu coração. Ali ele entendeu que o Senhor queria fazer muito mais através de sua vida. Desde então, sua maneira de pensar e viver foram profundamente transformadas. “Eu tinha tudo pra dar errado, mas Deus mudou tudo.”

Hoje, através de um convite de seu Superintendente (Região 798), o pastor atleta atua como coordenador regional de acessibilidade da Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), juntamente com a sua esposa. O casal visita todos os meses diversas igrejas, buscando despertar nelas a consciência de que pessoas com deficiência precisam de salvação e podem servir ativamente na obra de Deus. “Como muitos pensam, a acessibilidade não é apenas rampas de acesso e etc. Acessibilidade é a igreja estar preparada para receber as pessoas com deficiência e principalmente, incluir essas pessoas no trabalho da obra, como por exemplo no diaconato, teatro, dança e etc”, ressaltou.

João reconhece que há avanços no acolhimento das igrejas, mas destaca que o caminho ainda é longo. E para quem, como ele, deseja servir a Deus no esporte ou no ministério, deixa um conselho direto e cheio de fé: “Você pode, você é capaz, porque Deus é quem dá sabedoria, força e coragem”.

Ao lado da esposa, que descreve como sua grande auxiliadora e incentivadora, João segue firme com esperança para um futuro melhore e mais acessível. Seu maior sonho? “Receber a cura e abrir uma obra.” A fé é sua base. O esporte, seu meio. A missão, transformar vidas — inclusive a sua.  

Michelle Oliveira